De 2003 a 2009, um total de 29.063.545 brasileiros ascenderam para a classe C, a chamada nova classe média. Somente entre 2008 e 2009, período da crise financeira internacional, 3.172.653 pessoas passaram a fazer parte da classe C. Os dados constam da pesquisa 'A Nova Classe Média: O Lado Brilhante dos Pobres', divulgada hoje pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).
'Essa classe já representa mais da metade da população e tem um grande poder político e econômico, pois detém o maior poder de compra da população', afirmou o pesquisador e responsável pela análise, Marcelo Nery. O levantamento foi feito com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), relativa a 2009 e divulgada esta semana pelo IBGE, apontam que o número de brasileiros que compõem a nova classe média, cuja renda varia de R$ 1.126 a R$ 4.854, chegou a 94,9 milhões de pessoas e ultrapassou pela primeira vez os 50% da população.
De julho de 2009 a julho de 2010, a renda média dos brasileiros cresceu 7,7%, mostrou o estudo da FGV. O porcentual é superior à média anual de 3,8% registrada de dezembro de 2002 a dezembro de 2008. O levantamento mostrou ainda que o índice de Gini, que mede a desigualdade, recuou 1,4% entre julho de 2009 e julho de 2010. 'A desigualdade continua em queda, o processo de emergência da classe média é sustentável e diferente da Índia e da China, que crescem economicamente, mas nem tanto com redução de desigualdade', comentou Nery.
Ele disse ainda que o forte aumento da renda registrado no período de julho de 2009 a julho de 2010 também é resultado do fato de o País estar às vésperas de eleições. Segundo o pesquisados, este movimento costuma ocorrer em períodos que antecedem a ida dos brasileiros às urnas para a eleição presidencial.
Renda
O estudo da FGV identificou ainda que o crescimento do País nos últimos anos está mais baseado em geração de renda do que em consumo. Enquanto o índice sintético de potencial de consumo aumentou 22,6% entre 2003 e 2008, o índice de geração de renda subiu 31,2%. Para Nery, isso indica a sustentabilidade do crescimento. 'Está prosperando mais o lado trabalhador do que o lado consumidor', afirmou. 'Com isso, as empresas devem estar contentes, pois as pessoas vão poder continuar comprando.'
De acordo com o responsável pela pesquisa, 'não é só crédito e programas sociais (a razão do crescimento da renda) - o Brasil foi para a escola nos anos 90, conseguiu trabalho com carteira assinada, está contribuindo para a Previdência, está investindo em computadores', comentou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário